19 de abril de 2024
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Seleção da Argentina recebe ameaças e suspende amistoso contra Israel

Seleção da Argentina recebe ameaças e suspende amistoso contra Israel

Para Jorge Sampaoli, técnico da seleção argentina, foi um cancelamento que veio em boa hora. Ele nunca quis ir a Jerusalém disputar amistoso contra Israel no próximo sábado (9), a uma semana da estreia na Copa do Mundo. Nesta terça (5), a partida foi suspensa por decisão da AFA (Associação de Futebol Argentino).

Os protestos e a reação internacional à realização do amistoso falaram mais alto. A entidade também recebeu ameaças e temeu pela segurança dos jogadores. Eles também não morriam de amores com a ideia da viagem. Estava programada uma visita deles ao Muro das Lamentações. Nesta terça, 30 manifestantes da causa palestina foram à porta do centro de treinamento do Barcelona, onde a seleção faz uma semana de treinos antes do torneio. Levaram uniformes pintados de vermelho, simbolizando que a camisa argentina estaria manchada de sangue.

A partida aconteceria em momento sensível nas relações entre israelenses e palestinos, dois povos que consideram Jerusalém sua capital. O governo dos Estados Unidos decidiu levar a embaixada em Israel para a cidade, o que causou indignação na Palestina.

“Messi, não vá!”, gritavam manifestantes na entrada do CT em Barcelona.

A ideia de Sampaoli era fazer uma partida nesta semana na cidade espanhola, última preparação antes do Mundial. Não achava conveniente embarcar em uma viagem de avião e chegar em Bronnitsy (55 km de Moscou), onde será o bunker da equipe durante a Copa, apenas no próximo dia 10. A AFA agora buscará um adversário para satisfazer a vontade do treinador. Malta e San Marino são duas opções de adversários.

Desde que foi marcado, o amistoso era um problema de logística. Foi confirmada para Jerusalém, Tel Aviv, Haifa, Barcelona e voltou para Jerusalém. Seria disputada no Teddy Kollek Stadium.

A AFA ainda deixa aberta a possibilidade de mudar a partida mais uma vez de local e pensa em Haifa. Mas os jogadores se reuniram com o presidente da entidade, Claudio Tapia, e disseram não quererem viajar.

Trata-se de perda sentida no caixa da entidade que comanda o futebol argentino, além da impossibilidade de cumprir uma superstição. O jogo seria usado pelo governo como parte das comemorações dos 70 anos do Estado de Israel. A Federação do país pagaria à AFA US$ 2 milhões (R$ 7,6 milhões).

“A partida será importante porque precisamos dos recursos”, disse Tapia, que alega ter assumido o comando de uma entidade sem dinheiro em caixa.

Tapia lembrou que antes da campanha do título mundial de 1986, no México, a seleção argentina foi à Israel jogar. Venceu por 7 a 2 e antes do jogo Diego Maradona e outros integrantes da delegação visitaram o Muro das Lamentações. Passeio que não será repetido neste mês.

Com pouco tempo para treinar desde que assumiu a seleção, em julho do ano passado, Sampaoli quer usar todos os dias disponíveis para acertar o estilo de jogo para o Mundial. Isso inviabilizou até mesmo uma visita ao papa Francisco, em Roma, que aconteceria nesta semana. A assessoria do Vaticano chegou a confirmar a audiência papal, mas depois desmentiu.

A questão dos amistosos foi um ponto em que Tapia e Sampaoli tiveram de acertar os ponteiros. O treinador não gostou do nível técnico dos rivais para partidas imaginadas pela AFA quando foi escolhido para o cargo. Pediu adversários de maior peso para preparar a equipe. Tapia conseguiu fechar datas contra Itália e Espanha. Desta última, a Argentina sofreu goleada por 6 a 1.

Embora afirme não se deixar levar pela superstição, a administração de Tapia na AFA ficou marcada pela ida do místico Brujo Manuel ao Equador, para o confronto decisivo pelas eliminatórias. A Argentina precisava vencer para se classificar. Messi fez três gols e a equipe ganhou por 3 a 1. Antes da partida, o “convidado” caminhou ao redor do campo para espantar as energias negativas. Recebeu elogio do presidente, de que sua presença foi muito importante.

O amistoso com Israel antes do torneio é a retomada de uma tradição. Aconteceu entre 1974 e 1994.

A ideia não agradou à Associação de Futebol da Palestina, que enviou uma carta de protesto à AFA. A entidade não condena a realização do amistoso, mas a escolha do estádio em Jerusalém. “É uma decisão que no contexto atual a associação rechaça e condena. O campo obrigatório para esta partida era Haifa”, diz o texto.




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