Antigo Caminho da Vila Velha, estrada que ligava a região do Porto da Barra até o interior dos muros de Salvador, na época da fundação da primeira capital do Brasil (1549), a atual Avenida Sete de Setembro começa a passar por uma requalificação que dará continuidade ao processo de recuperação econômica, cultural e histórica dessa parte importante do centro da capital baiana.
A assinatura da ordem de serviço para o início das intervenções, sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), foi dada nesta quinta-feira (25) pelo prefeito ACM Neto, em solenidade na Praça Castro Alves. O projeto foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira, com execução do Consórcio Nova Avenida Sete, vencedor da licitação.
O investimento total é de R$17,5 milhões, com recursos de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
O trecho contemplado pela requalificação começa na Casa D´Itália e segue até a Praça Castro Alves (cerca de 1,2 km). Antes do início das obras, haverá um processo de buscas arqueológicas ao longo desse percurso, com duração inicial de até dois meses, conforme plano apresentado pelo Consórcio Nova Avenida Sete ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Novos passeios – As intervenções na Avenida Sete envolvem, além das buscas arqueológicas da etapa inicial, a revitalização e ampliação de calçadas em pedra portuguesa, preservando as características históricas originais, inclusive os brasões; troca do asfalto; delimitação de vagas de estacionamento; iluminação em LED; implantação de fiação subterrânea; criação de áreas de convivência; drenagem; arborização; adaptação de piso tátil e instalação de rampas para acessibilidade.
Os pedestres serão os principais beneficiados, pois contarão com passeios recuperados e ampliados. Para proporcionar uma melhor acessibilidade, o lado esquerdo da calçada será ampliado em média de 5m e colocado piso tátil ao longo de toda extensão, junto com faixa de granito de 1,70m de largura.
Já no lado direito, será colocado piso tátil ao longo de toda sua extensão, em paralelo a uma faixa de granito de 0,60m de largura. O calçamento em pedra portuguesa será recuperado, inclusive os brasões históricos.
Acessibilidade – A acessibilidade também é um elemento essencial no projeto de requalificação da Avenida Sete. As rampas de pedestres a serem implantadas, por exemplo, foram criadas pensando na acessibilidade, seguindo a legislação municipal e a NBR9050, com inclinação máxima de 8%. Como, ao longo da área de intervenção, os passeios não mantêm a mesma largura, as rampas foram adaptadas de acordo com a necessidade de cada local.
Nos cruzamentos com as ruas Quebranças, Pedro Autran e Paraíso, foram propostas faixas elevadas de travessia de pedestres devido a pouca largura ou quase inexistência de passeios nestas vias transversais à Avenida Sete.
Nos passeios, será adotada a sinalização tátil de alerta para indicar rampas, degraus de escadas, acessos de garagens e mudanças de direção. Haverá a sinalização tátil direcional em todo o percurso dos passeios, conforme NBR9050 e NBR16537, visando a boa fluidez e segurança dos transeuntes.
A trilha tátil está projetada para ser instalada a uma distância de 60 cm do limite das edificações, ao longo de todos os passeios da avenida. As medidas atendem à determinação indicada em reuniões entre a Fundação Mario Leal Ferreira e a Diretoria de Acessibilidade da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia (SJCDH).
Valas e parklets – também chamados de vala técnica – serão implantados para abrigar as fiações de telecomunicações ao longo da Avenida Sete, o que vai melhorar o aspecto visual na avenida. Haverá também vala secundária para ligação dos imóveis e implantação de dutos de gás. A rede de energia elétrica de alta e média tensão continuará na versão aérea.
A Avenida Sete também terá três áreas de 11m de comprimento e 2,20m de largura – equivalente a duas vagas de estacionamento, em média – para implantação de espaços públicos de conforto (parklets). Removíveis e montadas no local, as estruturas possuirão lixeiras, jardineiras, bancos e paraciclos.
Serão criadas, ainda, 12 áreas de interseção para pedestres, com vistas a proporcionar mais conforto aos usuários ao atravessar a via. Essas áreas terão piso em concreto e proteção através de balizadores metálicos (aço inox) removíveis. Ao esperar para atravessar a via, o pedestre terá mais espaço e a aglomeração de pessoas em horários mais críticos não atrapalhará a livre circulação nos passeios, pois as interseções estão localizadas na faixa também destinada a estacionamento e parklets.
Estacionamento e limpeza – A avenida também passará por reorganização da faixa de estacionamento. Além de vagas para automóveis, foram previstos espaços para motocicletas e para pessoas com deficiência, de acordo com NBR 9050. Também terá reordenação dos alegretes, delimitando melhor os espaços ocupados pelas árvores ao longo dos passeios para eliminar as agressões causadas aos vegetais.
Para colaborar ainda mais com a higiene e limpeza da área, a proposta é instalar lixeiras a cada 50m ao longo dos passeios. As peças estarão distantes 20cm do meio-fio para não interferir na área de circulação dos passeios. O sistema de iluminação contará com a tecnologia em LED, mais econômica e com mais eficiência energética.
Espaço do poeta – Na Praça Castro Alves, todo o asfalto será retirado e substituído por piso em paralelepípedo (como era antigamente), com espaço compartilhado entre pedestres e veículos, em mesmo nível.
A circulação dos automóveis vai ser separada com a instalação de defesas de concreto. Além disso, toda a fiação será subterrânea, oferecendo uma nova estética visual ao local tão famoso pelo encontro de trios elétricos e também pela vista da Baía de Todos-os-Santos.
Foto: Divulgação/SECOM-PMS
