18 de abril de 2024
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Doria quer aliança com MDB para isolar Skaf em São Paulo

Doria quer aliança com MDB para isolar Skaf em São Paulo

Em uma negociação que envolve as eleições de 2020 e de 2022, o governador João Doria está articulando uma aliança com o MDB, que pode integrar seu governo. Apesar de contar com apenas três deputados estaduais, emedebistas esperam comandar uma pasta e indicar nomes para outros cargos no segundo escalão da administração.

O jornal O Estado de São Paulo informa que a conversa está sendo conduzida pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), que é hoje o principal operador político de Doria no Palácio dos Bandeirantes. A estratégia visa isolar no MDB o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que não está participando das conversas.

Segundo interlocutores do governador tucano, a meta é formar uma frente com os partidos de centro que sirva de base para a candidatura de Doria ao Palácio do Planalto, de Garcia para o governo do Estado em 2022 e do prefeito Bruno Covas à reeleição no ano que vem. Em outra frente, o MDB também negocia a entrada do partido na Prefeitura de São Paulo.

De acordo com emedebistas, está em negociação a cessão ao partido do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe), ou outro serviço da área da saúde. Com apoio do governador, o prefeito quer entrar na disputa com a retaguarda de Cidadania, DEM, MDB e PP, o que lhe daria o maior tempo de TV e rádio.

O vereador Ricardo Nunes, presidente do diretório municipal do MDB, já teve três reuniões com interlocutores de Covas para definir o ingresso definitivo do partido no governo, já de olho na campanha.

Pelo lado do governo municipal, a articulação com Nunes está sendo feita pelo secretário municipal da Educação, João Cury, após o primeiro interlocutor indicado por Covas, o vereador João Jorge (PSDB), ex-secretário da Casa Civil, não ter obtido avanços. As conversas entre MDB, Covas e Doria têm sido feitas com discrição para não melindrar Skaf, que pretende disputar novamente o governo paulista em 2022.

Principal liderança do MDB paulista, o deputado federal Baleia Rossi deve ser eleito em novembro presidente nacional do partido, o que fortaleceria o diálogo nacional com Doria, que já conta com a simpatia dos partidos do Centrão.

Chapa – O empenho de Garcia em fortalecer a chapa de Bruno Covas visa a abrir caminho para que o PSDB rompa sua tradição de lançar candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes e apoie a candidatura do vice-governador em 2022, quando ele vai assumir o governo por oito meses. Rodrigo disputaria, então, a eleição no cargo.

Em 2018 o então governador Geraldo Alckmin tentou um movimento semelhante para que o PSDB apoiasse a candidatura de seu vice, Márcio França, em troca do apoio do PSB na eleição presidencial. A estratégia naufragou depois que a base dos tucanos se rebelou e apoiou a candidatura de Doria.

A avaliação no Palácio dos Bandeirantes é de que a vitória de Covas será determinante para os projetos de Garcia e de Doria. Em caso de derrota, há o temor de que o prefeito se una a Alckmin em um movimento para tentar uma candidatura própria e não alinhada com o projeto nacional do governador.

“O Doria está fazendo uma leitura do tabuleiro do xadrez político”, disse o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Mackenzie. Ele avaliou que, além das eleições de Covas e Garcia, há a própria candidatura à Presidência de Doria no cálculo, pois, mesmo com a turbulência política dos últimos anos, “o MDB ainda é um partido importante no plano nacional”, e o apoio da legenda favoreceria a candidatura do tucano ao Planalto.

Por outro lado, ainda na avaliação do professor, ao ter o partido na sua coligação, Doria reduz a possibilidade de que a legenda possa apoiar outra candidatura do campo democrático contra Jair Bolsonaro, como a do apresentador Luciano Huck, por exemplo, que também vem sendo colocado como provável candidato à Presidência com o apoio de Roberto Freire, presidente do Cidadania.




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