28 de março de 2024
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Festival Literário Nacional traz artistas e escritores de todo o País a Salvador

Festival Literário Nacional traz artistas e escritores de todo o País a Salvador

A primeira edição do Festival Literário Nacional: Diversas Leituras e Novos Caminhos começa nesta terça-feira (12) e segue até a sexta-feira (15) trazendo nomes da literatura local e nacional para o bairro de Cajazeiras, em Salvador. O evento, realizado pelo Governo da Bahia, também contará com programação para crianças, jovens, apresentações musicais, doação de livros e serviços.

Com curadoria de Tom Correia, toda programação do evento foi construída pela e para a juventude, dando destaque especial à literatura oral dos saraus, dos slams e das batalhas de poesia. A grande região de Cajazeiras é conhecida por sua extensão geográfica e alto índice populacional e foi escolhida por concentrar jovens em idade escolar. Neste mesmo sentido, o Flin, como já foi carinhosamente apelidado, apresenta uma programação que mescla nomes que conectam várias linguagens artísticas.

Nestes dias, passarão por lá nomes como Lázaro Ramos, Regina Navarro, Ryane Leão, Jarrid Arraes; cantores Luedji Luna, MV Bill e Larissa Luz. Jornalista, escritor, artista visual e curador do Flin, Tom Correia foi premiado, em 2002, pelo antigo Prêmio Braskem, com o livro de contos Memorial dos Medíocres. Sua relação com festas literárias começou em 2013, quando foi convidado a participar de uma mesa na Flica (Festa Literária de Cachoeira), evento em que, anos depois (em 2017 e 2018), foi convidado para ser curador.

Um bate-papo informal intercalado por música com o ator e escritor Lázaro Ramos e a cantora Luedji Luna abre o Flin no dia 12 de novembro, às 10h, na Tenda Cultural. Essas duas gerações de artistas não abrem mão de expressar um olhar crítico sobre o nosso tempo, para falar de suas trajetórias, processos criativos e inspirações, no Violão com a Palavra.

O ator, apresentador, cineasta e escritor baiano, Lazaro Ramos iniciou a carreira artística no Bando de Teatro Olodum, em Salvador, e ganhou visibilidade nacional ao participar de diversos programas de TV, novelas e peças de teatro. Na literatura, se dedica a escrita infantil desde os anos 2000. Em 2017 lançou o livro Na Minha Pele, voltado ao público jovem e adulto.

A cantora Luedji iniciou seus estudos em música na Escola Baiana de Canto Popular. É co-fundadora do projeto Palavra Preta – mostra que reúne compositoras e poetisas pretas de todo o Brasil. Foi membro do Bando Cumatê, coletivo engajado na pesquisa, difusão e fomento das manifestações artísticas tradicionais da cultura brasileira.

O coordenador do Flin e diretor da Fundação Pedro Calmon (FPC/Secult), Zulu Araújo, conta que O Violão e a Palavra é um projeto da fundação que busca estimular o livro, a leitura escrita, por meio de ícones da música e da literatura. “Buscamos apresentar artistas importantes no cenário musical brasileiro, em diálogo com escritores para que, em particular, a juventude, perceba que ler e escrever é fundamental para a formação da cidadania”, afirma.

O projeto acontece desde 2016, quando foi lançado na Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira) e une a leitura, a memória e a música em um encontro cantado. Nesta edição, tem a oportunidade de dar destaque a duas importantes expressões baianas: Luedji, através da música, e Lázaro, a partir da sua atuação em novelas, filmes e escritos infantis.

No Espaço Futura, a partir das 14 horas, acontece o bate papo Escritas urbanas: A arte que se cria no meio da rua. Nele estarão o grafiteiro Nikol, a artista urbana Quel e Lee27 falando sobre a importância do grafite como prática artística e com origem em bairros afastados dos grandes centros. Logo após, os artistas fazem uma intervenção no local, criando uma obra coletiva.

No mesmo dia, às 15 horas, na Tenda Cultural, uma conversa sobre cinema acontece na mesa “Rupturas que fizeram da minha vida um filme”, com Joel Zito Araújo (MG), Larissa Fulana de Tal (BA), Tuca Siqueira (PE) e mediação de Wesley Correia. Um dos nomes de maior destaque do cinema nacional, Joel Zito Araújo é cineasta, escritor e pesquisador, além de ter dirigido 31 obras (filmes, documentários e curtas).

Ainda na Tenda, acontece o quadro humorístico inspirado no cotidiano dos moradores de Cajazeiras com os artistas Sulivã Bispo e Thiago Almasy, do Na Rédea Curta. No Espaço Virtual da Arena Leia e Passe Adiante, o dia é dedicado à experimentação da tecnologia no campo da cultura e da educação. Às 17 horas tem apresentação do grupo de Valsa Amor eterno e o dia finaliza com pocket show de Luedji Luna.

O dia 13, no Espaço Futura acontece às 8h30 o bate papo Leituras que Transformam, com autores da coletânea de poesia Afluentes Poéticos e da Coletânea de poesias organizada por professores. Às 14, Lilia Diniz, Bell Puã, Kuma França e mediadas por Luciany Aparecida, discutem sobre as produções literárias contemporâneas. Outro destaque é o bate-papo Outras Conversas Sobre os Jeitos do Brasil, às 16h, com mediação do jornalista Enderson Araújo, um dos criadores do Mídia Periférica. Os cineastas Jamile Coelho e Rodrigo Felha, do Rio de Janeiro, são os convidados que falam sobre suas experiências audiovisuais.

Na tenda cultural o grande destaque é o encontro do rapper, ator e escritor carioca MV Bill (RJ) com o cofundador do Instituto Mí­dia Étnica e do Portal Correio Nagô, Paulo Rogério Nunes (BA) mediado por Renato Cordeiro. Batizada “Os soldados do morro deram baixa e foram vistos com livros na mão” a segunda mesa do Flin, que acontece a partir das 10h30, vai falar da importância das mídias periféricas em tempos de fake news e a possibilidade de empreender no nosso contexto.

“MV Bill é uma das vozes mais contundentes quando se trata de temas delicados envolvendo a vida cotidiana dos morros cariocas. Sua discografia, documentários e livros dialogam com os temas originais propostos pela mesa. Por sua vez, Paulo Rogério Nunes, soteropolitano que possui um percurso de alcance internacional que é uma referência para jovens negros das periferias de todo o Brasil”, afirma o conceito criado pelo curador do evento Tom Correia.

Dois nomes que vêm se destacando no universo dos quadrinhos e no poder de comunicação desta linguagem na luta para manter a cultura de matriz africana se encontram, a partir das 15h30. Shiko e Hugo Canuto participam da mesa Releituras visuais de paisagens da terceira margem com mediação de Cristiele França. O espaço também traz um quadro humorístico com Seu Pimenta, inspirado no cotidiano do bairro, além da apresentação musical de Mv Bill e do grupo Panteras Negras, primeira banda instrumental do mundo formada só por mulheres negras.

Mulheres que trafegam nas bordas da literatura tradicional, por escritas que acionam heroínas negras da história do Brasil, afetividades mono raciais e não-heterossexuais. Jarid Arraes (CE), Ryane Leão (MT), Lívia Natália (BA) e Amara Moira (SP) são algumas destas, que complexifica o debate contemporâneo sobre literatura.

Pela manhã, na mesa “Intervenções femininas: o meu lugar nas periferias do mundo”, Jarid Arraes (CE) e Paloma Franca Amorim (PA) levam referências de escritoras jovens do Norte-Nordeste e dinâmicas do mercado editorial na integração de escritores dissidentes. À tarde, a mesa “Linhas de afeto na zona de batalha zeferina”; com as autoras Lívia Natália (BA) e Ryane Leão (MT), fala de poesia negra e afetividade.

À noite, a esfera da sexualidade aparece como impulso criativo e remodelador do que se tem por literatura erótica, com o tema “Fronteiras do corpo, reconfigurações da alma”, com Amara Moira (SP), transfeminista, doutora em Crítica Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autora do livro Se eu Fosse Puta, e Regina Navarro Lins (SP/BA), psicóloga, autora em sexualidade e colaboradora do programa Amor e Sexo, da Rede Globo. O dia termina às 20h30 com o pocket show de Larissa Luz. A cantora acaba de lançar seu primeiro disco em carreira solo: MuDança, que mistura fluidamente as vertentes da música negra do mundo.

O último dia o Espaço Futura será aberto às 9h30 com apresentação do Coletivo Zeferinas e Jaca. Na Tenda Cultural, às 10h30, Tia Má, bate-papo com o público apresentando o lado crítico e engraçados de situações cotidianas. Às 13h, o bloco Mangue de Cajazeiras e o Grupo Bambeia fecha o festival com samba e carnaval como resposta a toda forma de exclusão e discriminação.

Programação Infantil – Nomes como Canela Fina, Neojiba e grupo Stripulia se apresentam no evento. A programação conta com atrativos como lançamentos de livros, contações de histórias, brincadeiras e apresentações teatrais. No dia 12, a contação de história começa às 8h30 com Argemira Silva (Mira), com a personagem Emília, conta histórias desde os clássicos da literatura infantil a histórias contemporâneas. Às 10h, Juninho une elementos tradicionais da narração de histórias com músicas autorais, cirandas, teatro de fantoches e brincadeiras. Às 13 horas o grupo Pé de Lata fará recreação e animação infantil. Raí Santana na pele do Palhaço Mandioca se apresenta às 16 horas contando história clássicas da literatura infantil.

O Espaço Infantil no dia 13 de novembro começa com a contação de história do grupo Canela Fina. O grupo vem se destacando ao associar educação musical, psicologia da música e arte terapia. Nas apresentações proporcionam ao público infantil músicas com arranjos próprios e instrumentações variadas, aperfeiçoando a percepção e apreciação musicais das crianças. Com diversos estilos e com temas do universo infantil, o show apresenta músicas compostas pelos integrantes do grupo ou amigos e também versões de canções de domínio público.

Às 14 horas terá a orquestra de violões do programa Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba). O Núcleo foi criado em 2016 e funciona no Centro de Cultura e Cidadania Pirajá, localizado dentro do Parque São Bartolomeu. Neste Núcleo são realizadas aulas de percussão, flauta doce, pífano e iniciação musical para crianças e adolescentes de 5 a 22 anos, com coordenação de Samuel Egídio. O dia segue com O espetáculo teatral da BIML e contações de histórias com Cyntia Araújo.

A teatralização de história de Emília Nuñez abre o dia 14. Carol Levy se apresenta às 10 horas. No Conto de Casa, Carol convida a plateia a entrar na sua casa participando da montagem, cantando, sugerindo o que vai acontecer na história e até mesmo ajudando a cantora cozinhar. O grupo das Sete Mulheres se apresenta às 14 horas. O espetáculo Saltimbancos do grupo Stripulia fecha a programação infantil do dia.

De acordo com a responsável pela programação do espaço infantil na Flin, Patricia Porto, as atividades têm o intuito de promover o incentivo a leitura e a interação das crianças, família e professores em diferentes formas de literatura. “As atividades infantis em festas literárias ampliam o processo de crescimento intelectual da criança, e, através da ludicidade, facilita no processo de socialização, expressão e construção do pensamento”, destaca Patrícia.

Para os pequeninos também terá lançamentos de livros, contações de histórias, brincadeiras, apresentações teatrais, musicais dentre outros. De acordo com a responsável pela programação do espaço infantil na Flin, Patricia Porto, as atividades têm o intuito de promover o incentivo a leitura e a interação das crianças, família e professores em diferentes formas de literatura.

Infraestrutura – O evento possui diferentes espaços divididos para receber diversidade de estilos e idades desta juventude. O palco onde acontecerão as mesas temáticas e intervenções culturais será a Tenda Cultural. No lado externo, a quadra se tornará Arena Leia e Passe Adiante, dividida no Espaço Infantil, com uma programação dedicada aos pequenos; o Espaço FPC Virtual: Diversas Leituras & Novos Caminhos, com aparatos tecnológicos que proporcionam experiências sensoriais e o Espaço Futura, com uma programação montada pelos e para os jovens, explorando temas contemporâneos e transversais da cultura. Também será na Arena, que serão doados cerca de 1500 livros, através da campanha Leia e Passe Adiante, coordenado pela Fundação Pedro Calmon, órgão vinculado à Secretaria de Cultura (Fpc/SecultBa).

Atendimentos a comunidade de Cajazeiras – Uma reunião de conteúdos e serviços pretende beneficiar os moradores de Cajazeiras. Nos dias do evento, estandes de várias secretarias e órgãos do Governo do Estado vão viabilizar orientações e atendimentos jurídicos; pesquisa de vagas de trabalho; doação de sangue, venda de livros, entre outros serviços nos espaços do Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras. O setor de serviços ocupará a área externa do Ginásio com diferentes setores para atender ao público. Lá também estarão disponíveis exames de DNA para reconhecimento de paternidade, de forma gratuita.

Participam do projeto as secretarias de Administração (SAEB), com o SAC e o projeto O Pequeno Cidadão; a Secretaria de Saúde (Sesab), através da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba); a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) distribui mudas de plantas; a Defensoria presta atendimento, orientação e encaminhamento jurídicos ao público, nas áreas de atuação da instituição; A secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), através do SineMóvel; de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), com o Procon; e de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI) e de Políticas para as Mulheres (SPM), com orientações para casos de violências raciais e de gênero.

Entre as parcerias firmadas, a Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE) garante uma Feira de Economia Solidária, com uma praça de alimentação e uma ala de artesanatos, com profissionais autônomos do próprio bairro de Cajazeiras.

Para saber mais sobre o Festival, clique aqui.

Foto: Bob Wolfenson/Divulgação




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