A Bahia e o Bahia se despediram neste domingo (30) de Benedito Borges de Melo, conhecido por muitos como Seu Bené. Vice-presidente do Esquadrão no título da Taça Brasil de 1959, ele faleceu aos 96 anos em decorrência de complicações causadas pela covid-19, em Salvador.
Seu Bené foi o grande mecenas e responsável pela montagem do time que conquistou a primeira estrela tricolor. Comerciante de sucesso nos anos 1950, ele custeou salários de atletas, ofereceu carros da sua revendedora para fechar grandes contratações e cedia imóveis de sua propriedade para hospedar os jogadores.
“Alencar veio fazer uns jogos aqui em Salvador e acabou com Bahia e com Vitória. Fez miséria. Aí eu pá! Contratei”, recordou ao falar do atacante que pertencia ao Ceará e se tornou o nono maior artilheiro da história do Bahia, com 116 gols. A entrevista foi dada com exclusividade ao jornal Correio em agosto de 2017.
Além de Alencar, Benedito foi responsável pela contratação de Mário, Flávio e outros jogadores da equipe. Poucos sabem, mas foi Benedito quem viajou representando o mais alto cargo do Bahia para o Maracanã em 30 março de 1960, data da última partida da final contra o Santos. O presidente Osório Vilas Boas preferiu ficar em Salvador, pois também era vereador e não queria se ausentar no aniversário da cidade.
“Ninguém era doido de tentar tirar os jogadores do Bahia. Naquele tempo quem tinha a melhor situação (financeira) era eu. Eu era diretor do Bahia, não deixava ninguém sair”, contou Bené em entrevista ao CORREIO em 2017.
Benedito ia completar 97 anos no próximo dia 13 de setembro. Ele deixa a esposa, Kissinha, três filhas e cinco netos. O enterro aconteceu na manhã deste domingo, no Cemitério Jardim da Saudade.
Em agosto de 2018, o ex-diretor e ex-vice-presidente recebeu a Comenda Waldemar Costa, maior honraria dada ao Bahia a seus sócios. Em janeiro de 2020, ele esteve presente na inauguração do CT Evaristo de Macedo, mesmo com a idade avançada e de cadeira de rodas.
Um dos cinco netos que Benedito deixa é Ricardo Maracajá, atual conselheiro do Esquadrão. Nas redes sociais, ele prestou uma homenagem a Seu Bené: “Me lembro até hoje que estava com ele no Ba-Vi de Raudinei sentado, espremido, nas arquibancadas, com ele dizendo para eu acreditar até o fim pois o Bahia dele jamais desistiu de uma partida antes do juiz apitar o fim do jogo”.
“Quando os médicos avisaram à família que a previsão era 24/48 horas, eles não sabiam que se tratava de meu avô e que ele não iria antes do Bahia jogar ontem, ele precisava se despedir e vencer esse prognóstico. O Bahia empatou no fim por não desistir até o último momento, cumprindo o que meu avô sempre pediu, quis e fez”, completou Ricardo, que também é neto de Paulo Maracajá, presidente do título de 1988.