Em setembro, o percentual de famílias endividadas na capital baiana foi de 66,9%, ligeira alta em relação aos 66,3% do mês anterior. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA).
Embora tenha tido pouca diferença na comparação com agosto, já são 12 altas consecutivas do endividamento, diz a Federação, ciclo iniciado em setembro do ano passado quando a taxa estava em 41,5%. Em termos absolutos, houve um aumento de 237 mil famílias para um total atual de 620,7 mil famílias com algum tipo de dívida.
“A inadimplência, por sua vez, que vinha tendo destaque negativo com nove altas consecutivas, ficou estável no mês, mantendo os 30,8%. Talvez seja um indicativo que a taxa tenha atingido o topo, o pior momento das finanças das famílias”, explica o economista e consultor da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
Segundo o especialista, será importante analisar o próximo resultado de outubro para entender se a reabertura da economia, o retorno das pessoas ao trabalho de forma gradativa e a retomada das vendas levarão essas famílias e consumidores a terem renda para quitar os compromissos atrasados.
A Federação ressalta que é uma situação delicada, pois no mesmo período do ano passado a taxa de inadimplentes em Salvador estava em 13,8%, ou seja, mais que dobrou. O que sinaliza que o cenário não deve piorar ainda mais é o fato de o percentual de famílias que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso passou de 13,3% em agosto para os atuais 13,1%. A redução é quase que mínima, mas é a segunda consecutiva.
Ainda conforme o consultor econômico da Fecomércio-BA, o cartão de crédito continua sendo o tipo de dívida mais comum entre as famílias de Salvador. No mês, 90,5% delas utilizaram desta modalidade de crédito. “O cartão de crédito não é ruim quando usado com racionalidade, mas para quem não tem controle dos gastos pode ser uma bomba relógio, pois possui a taxa de juros mais elevada do mercado. É comum o consumidor de baixa renda ter vários cartões com limites e vencimentos distintos”, afirma Dietze. A recomendação do economista é reduzir o número de cartões para obter um maior controle e evitar empréstimos.
Na sequência de dívidas vem o crédito pessoal, com 7,3%, seguido dos carnês, com 6,2%. Esse último esteve no menor patamar em 12 meses, até por causa da impossibilidade de ir às compras nos meses anteriores.
Ainda conforme a análise econômica, a tendência da inadimplência se reverter, começar a cair e, ao mesmo tempo, o endividamento continuar crescendo, é o melhor dos cenários. “Isso mostra que as famílias voltam a ter capacidade de consumo via crédito e que conseguem quitar os compromissos feitos. Além do auxílio emergencial, que tem ajudado muito as famílias e o varejo, o emprego voltando de forma gradativa também dá condições de segurança na renda, sobretudo, deixando os bancos menos seletivos na oferta de crédito”, conclui Guilherme Dietze.