1 de maio de 2024
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Sucesso em Cuba, rap “Pátria y Vida” pede fim do regime comunista na Ilha; assista

Sucesso em Cuba, rap “Pátria y Vida” pede fim do regime comunista na Ilha; assista

Entre o slogan “Pátria ou morte”, amplamente difundido na revolução comandada há mais de seis décadas por Fidel Castro, e o rap “Pátria e Vida”, lançado há um mês por seis músicos cubanos, instalou-se a insatisfação com o regime, que faz deste videoclipe um sucesso na ilha, com mais de 3,6 milhões de visualizações no YouTube.

A receptividade foi tamanha, que o presidente cubano reagiu irritado, promovendo um contra-ataque nas mídias sociais para tentar anular sua repercussão. “Quiseram apagar o nosso lema, mas nós o viralizamos nas redes”, tuitou Miguel Díaz Canel.

Além de distorcer o lema castrista, o rap aborda as mazelas enfrentadas pelos cubanos, como a repressão, a intolerância a diferentes discursos políticos, o exílio, a pobreza extrema e a falta de alimentos.

A canção funciona como uma espécie de grito de liberdade, conforme o rapper Maykel Osorbo. “O sucesso é atribuído ao desejo do cubano pelo fim da ditadura e pela rápida liberdade. Este é um sentimento nacional”, atestou o músico, numa conversa pelo Twitter, interrompida por duas rápidas detenções em 48 horas.

“Já fui preso várias vezes, e não seria surpresa se mandassem me matar”, resume Maykel Osorbo, de 37 anos. As estrofes de “Pátria e vida” pregam a mudança do regime. “Chega de mentiras, meu povo pede liberdade, chega de doutrinas” ou “Publicidade de um paraíso em Varadero/ Enquanto as mães choram pelos filhos que se foram.”

Osorbo se juntou aos músicos El Funky, que também mora na Ilha, e a Yotuel, integrantes de Gente de Zona e Descemer Bueno, que vivem fora do país, para fazer o videoclipe de quatro minutos, produzido entre Havana e Miami. Nele aparecem cenas de repressão das forças de segurança a um grupo de ativistas que protestaram em novembro contra a prisão do rapper Daniel Solís.

“Foi um processo lento, mas tudo virtual via e-mail, vídeo chamadas, pistas, rascunhos, ensaios, correção e edição. Saiu após 100 dias de muito trabalho, graças à tecnologia e às plataformas digitais.”

O grupo de músicos se surpreendeu com a rápida adesão do slogan pelos cubanos, o que obrigou as autoridades a deflagrar uma campanha de difamação da canção e de seus autores na mídia oficial e também a reafirmar, com insistência, o valor do lema difundido por Fidel e seus guerrilheiros.

O governo orientou a população e bancos a não aceitarem notas de dinheiro rasuradas que circulam com a expressão “Pátria e vida”. Dois ativistas que escreveram o slogan no muro tiveram sua casa cercada e a internet bloqueada. O incômodo e as medidas sem sentido só fizeram atiçar a curiosidade dos cubanos e aumentar a popularidade da canção.




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