7 de maio de 2024
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Sessão na Câmara de Salvador homenageia presos políticos

Sessão na Câmara de Salvador homenageia presos políticos

A Câmara Municipal de Salvador realiza nesta segunda-feira (5), às 10h, uma sessão especial em homenagem aos presos políticos da “Operação Radar” na Bahia, deflagrada em 5 de julho de 1975, sob comando do torturador coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, auxiliado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Promovida a pedido da vereadora Maria Marighella (PT), a sessão terá transmissão ao vivo pela TV Câmara – canal aberto 12.3, no site www.cms.ba.gov.br e no facebook.com/tveradiocam – e pela Rádio Câmara 105,3 FM.

Maria Marighella diz que são cerca de 40 mulheres e homens dentre as milhares de brasileiras e brasileiros vítimas das graves violações de direitos humanos praticadas durante o regime autoritário. Entre essas pessoas está o então vereador do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) Sérgio Santana, cassado pela ditadura civil-militar, cujo mandato jamais foi restituído e que é um dos convidados do evento.

Promovida a pedido da vereadora Maria Marighella (PT), a sessão também contará com a participação de seu pai, o ex-deputado e advogado Carlos Augusto Marighella, “outro destes homens usurpados pelo Estado, que estava preso quando do nascimento da filha, em 1976”. Amabília Almeida, ex-vereadora e deputada estadual Constituinte da Bahia, representará as famílias e também o seu marido, Luiz Contreiras. Maria Lúcia de Carvalho e Marco Antônio Medeiros darão seu testemunho enquanto memória viva sobre este episódio do regime político autoritário, que marca suas vidas e de suas famílias para sempre, assim como a história de toda a nação. O vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Miguez, e o jornalista e ex-deputado Emiliano José também participarão com seus depoimentos e são os demais convidados de honra.

A sessão, como explica a vereadora, “reivindica o direito constitucional à memória, verdade e justiça ao dar publicidade a um acontecimento insistentemente apagado dos relatos históricos sobre Salvador”. Sob coordenação do Destacamento de Operações e Informações (DOI) da 6ª Região Militar, aquela que foi apelidada de “Operação Acarajé” pelos seus malfeitores ocorreu há exatos 46 anos e urge por constar na agenda das memórias da cidade.

“Enquanto eu viver, serei a encarnação da denúncia deste regime autoritário que violou a democracia e interditou o projeto de sociedade sonhada por aquela geração”, afirma Maria Marighella. “Ninguém tem o direito de esquecer isso. É dever do Estado e da sociedade reconhecer, nomear, dar conhecimento sobre a história. Em tempos de negacionismo e de tantos ataques à democracia, esta homenagem opera nossa responsabilidade de oficializar a violência a que esses militantes foram submetidos. Acreditamos que é através da memória e da verdade que podemos fazer justiça, reescrever a história de lutas do povo brasileiro e construir um futuro lastreado na democracia e na justiça social”, finaliza a vereadora.

Operação Radar na Bahia – A vereadora Marighella explica que a ação fez parte de um conjunto de operações articuladas nacionalmente pela polícia política da ditadura civil-militar para perseguir, prender, torturar e matar opositores políticos vinculados ao Partido Comunista Brasileiro. Na Bahia, a operação tinha o objetivo de prender os dirigentes do PCB do diretório estadual, que vinham rearticulando os sindicatos e construindo uma tendência política, a “Ala Jovem do MDB”, no único partido de oposição consentido pelo regime civil-militar. Alguns militantes ficaram quase dois anos na prisão.

Entre as cerca de 40 pessoas presas e levadas para o centro clandestino conhecido como “Fazendinha”, localizado nas proximidades de Alagoinhas, esteve o então vereador de Salvador pelo MDB Sérgio Santana, que posteriormente foi condenado como “subversivo” e teve seu mandato cassado. Os detidos, que viviam em legalidade, sem qualquer mandato, flagrante ou justificação, foram sequestrados por homens que se apresentaram como policiais, que os algemaram, encapuzaram e conduziram forçadamente ao centro clandestino, onde foram submetidos a interrogatório e torturas, como prossegue a vereadora.




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