O ex-prefeito de Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto (União Brasil), disse nesta segunda-feira (7) que os problemas da Bahia pioraram nestes primeiros sete meses do governo de Jerônimo Rodrigues (PT) e afirmou que falta um governador que “meta a mão na massa” e enfrente os desafios, a exemplo da onda de violência e a fila da regulação. Em live com Raul Monteiro, do portal Política Livre, ele ainda falou sobre o planejamento para as eleições do próximo ano e declarou que o foco é unificar o palanque do grupo nos municípios.
Ele avaliou que os problemas do estado só têm piorado. “Tudo na vida tem um ciclo. Eu acho que 17 anos de PT no poder do estado já é demais, e acho que isso vai ter um fim. Espero que seja mais próximo, que seja em 2026, numa nova eleição. E eu vou continuar cumprindo o meu papel que é de oposição”, ressaltou.
O presidente da Fundação Índigo disse que ainda não viu novidades no novo governo, agora de Jerônimo. “Eles tem um projeto, mobilização para arrecadação de alimentos. É louvável, todos concordamos com isso, mas e a política social? E as pessoas que estão passando fome e que precisam do trabalho? Na propaganda eles são muito bons, fazem muita espuma, mas resultado que é o que importa, nada. O que a gente viu de novo na segurança pública, na saúde?”, questionou.
Ele disse ainda que, nestes sete meses, “estamos vendo um governador blogueirinho, apelido dado nas redes sociais, não por mim, um governador com muito oba oba, muita dancinha, muito memezinho, mas botar mão na massa, não estou vendo”.
“Então, para mim é falta de governador. Tá faltando governador que meta mão na massa, que enfrente o problema, que traga o sistema de São Paulo de regulação e bote fila para andar para que pessoas tenham atendimento no interior. Fazer que nem Goiás, ter rigor nos presídios. Mais da metade das ocorrências tem origem dentro dos presídios”, acrescentou.
Neto ainda disse que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, “derrapou feio” em sua declaração sobre um consórcio entre os estados do Sul e Sudeste. “A gente precisa de união do país. Ele tem que dizer o contrário. Houve um processo de concentração histórica de investimentos no Sul e Sudeste. Precisa ter reparação com o Nordeste. Temos desafios para atrair investimentos, para garantir empresas, que são muito maiores do que os desafios do Sul e Sudeste, por questões de logística, infraestrutura, e série de providências que ao longo dos anos o governo federal sempre olhou mais para o Sul e Sudeste”, salientou.
Próximas eleições
Neto disse que é cedo para falar das eleições de 2026 e citou a reunião realizada nesta segunda-feira (7) com deputados federais e estaduais do União Brasil para discutir as estratégias do partido para o próximo ano. Disse ainda que trabalha nas articulações para reforçar os aliados em todo o interior do estado e na capital, com o prefeito Bruno Reis. “Só depois vamos tratar 2026”, salientou.
Em relação a 2024, Neto ressaltou que o foco é trabalhar para unificar os palanques do grupo em todos os lugares possíveis e ter apenas uma candidatura. Ele avaliou que o resultado eleição do ano passado mostrou claramente a força do grupo oposicionista nas cidades, onde o ex-prefeito da capital venceu em 17 dos 20 maiores municípios, sendo que em boa parte deles com mais de 60% dos votos no segundo turno.
“Então, é natural, pela estrutura que nós temos, que haja uma atenção especial nas eleições municipais das maiores cidades da Bahia. Pelo que vejo na imprensa, eles lá também estão com esse foco, mas no sentido de nos tirar do comando das cidades grandes que estamos governando, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Barreiras, Juazeiro. Então, nossa visão é tentar harmonizar internamente o grupo de maneira que, sempre que seja possível, evitar mais de uma candidatura do grupo e unificar palanques”, afirmou.
Sobre o cenário nacional, Neto salientou que vê um novo momento. Ele citou que, por muito tempo, o Brasil viveu uma polarização entre PT e PSDB, que foi substituído pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “Agora, com a decisão do TSE, o fato é que Bolsonaro inelegível, não podendo disputar eleição, em 2026 um novo cenário vai ter que ser construído para a política brasileira. E, claro, nos estados vamos ver como vai ficar a configuração”, afirmou.
Futuro
ACM Neto ressaltou ainda que espera voltar a disputar o governo do estado. “Entendo que não é porque alguém perdeu uma, impede de disputar outra, ao contrário. Em 2008, perdi as eleições e consegui me eleger em 2012 e depois me reeleger em 2016 com mais de 74%. Então, se tiver outra oportunidade de disputar o Governo da Bahia, considero sim, mas o foco agora é outro, é 2024”, frisou.
Resultado de 2022
Sobre as eleições do ano passado na Bahia, ACM Neto atribuiu o resultado a dois fatores essenciais: o voto no 13 e a força da máquina estadual. “Sem querer desmerecer ninguém, mas muita gente votou em Jerônimo sem saber quem era. O principal elemento foi 13 e a influência nacional”, disse. “Eles estavam no momento com muito dinheiro em caixa. O então governador Rui Costa, que nunca foi de fazer política, parou o governo em 2022 para fazer política. Começou a receber prefeito, a fechar convênio. Então, comprou uma aliança na base do dinheiro da máquina do estado. Eles conseguiram construir um apoio no interior de forma que quase 280 prefeitos estavam do lado deles”, complementou.
ACM Neto declarou ainda ter enfrentado um sistema que governa a Bahia há 17 anos. “Então, eu não enfrentei Jerônimo, enfrentei um sistema. A gente sabe bem qual é o nível de enraizamento desse sistema, não está só na política e nem sempre o jogo é decidido em campo, nas quatro linhas. Muitas coisas acabam influenciando, fazendo com que a gente tenha essa árdua tarefa de estar há 17 anos enfrentando esse sistema que eles instituíram na Bahia”, salientou.
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