Um terço das mercadorias que transitam entre o Brasil e a Espanha passa, necessariamente, pelo Porto de Valência, na parte leste do país europeu. Desta forma, a cidade é considerada a principal porta de entrada e saída entre os dois países. É neste cenário, que envolve intercâmbio de infraestrutura, automação, otimização de custos e qualidade dos sistemas portuários, que a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) e a Autoridade Portuária de Valência (APV) assinaram, sexta-feira (22), um acordo de cooperação comercial, científica e tecnológica.
O evento aconteceu na sede da Codeba, no Comércio, e contou com a presença do diretor-presidente da companhia baiana, Rondon Brandão do Vale, e do diretor-geral da autoridade portuária europeia, Francesc Sánchéz. O acordo vai beneficiar o complexo portuário baiano, formado pelos portos públicos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus. Para Rondon Brandão, “a importância da parceria é abrir o mercado para os portos baianos”.
O diretor-presidente da Codeba também explicou que, com a facilitação do comércio entre as duas regiões, as economias locais de cada um dos países vão, consequentemente, ser impactadas de maneira positiva. “Essa iniciativa vai, ainda, aprimorar o fluxo de informação logística, gestão e processos logísticos portuários”.
“Os portos públicos mantêm forte intercâmbio comercial com os portos do mercado comum europeu, especialmente com países situados no Atlântico Norte e Mediterrâneo. Nesse caso específico, os portos espanhóis absorvem 28% das compras espanholas e das mercadorias do estado da Bahia, químicos, petroquímicos, granito, sisal etc”, destacou Rondon.
O Porto de Valência, diz Francesc Sánchéz, ocupa a primeira posição no ranking espanhol e a quarta colocação em toda a Europa, no que tange à circulação de contêineres. Por ano, são movimentadas 70 milhões de toneladas de Teus (sigla para Twenty-foot Equivalent Unit – Unidade Equivalente a um contêiner de 20 pés), sendo o mais importante porto do Mediterrâneo.
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Na Bahia, Rondon Brandão ressaltou as qualidades do complexo portuário, o que envolve, principalmente, elementos geográficos, que facilitam o fluxo das mercadorias. “A gente tem uma via expressa (Baía de Todos-os- Santos) que faz com que os contêineres não cruzem por vias comuns. Isso significa que o trânsito das mercadorias acontece em menor tempo”, garantiu.
No ano passado, segundo a Codeba, o Porto de Salvador movimentou 4,5 milhão de toneladas e o terminal de contêineres, instalado no porto, o Tecon Salvador, operado pela Wilson Sons, bateu recorde de movimentação de carga no período. Em 12 meses, foram 203.979 contêineres movimentados.
Com a parceria, se espera que a Autoridade Portuária de Valência (APV) traga ao estado da Bahia novas perspectivas de otimização da atividade. “No planejamento estratégico de 2019 a 2023 estão previstos diversos projetos de melhorias, com recursos próprios da Codeba, da União e de empresas privadas”, destacou o diretor-presidente. Para o Porto de Aratu, é estimado investimento de R$ 4 bilhões, enquanto para Salvador se espera o montante de R$ 300 milhões.
“As intervenções em Ilhéus, que envolvem dragagem de aprofundamento e manutenção, requerem mais tempo de planejamento, mas está previsto que sejam investidos R$ 100 milhões”, disse Rondon.
#Codeba firma parceria com o Porto de #Valência (ES) visando cooperação comercial, científica e tecnológica, durante Conferência Internacional na Companhia pic.twitter.com/5Bsi5Gg0o5
— Codeba (@Code_BA) 22 de março de 2019
Sustentável – Um dos destaques da atividade portuária de Valência, garantiu Francesc Sánchéz, é o caráter sustentável. O espanhol adiantou que, a partir de um investimento de 4 milhões de euros, o Porto de Valência vai passar a operar com energia de hidrogênio, diminuindo, assim, o impacto ambiental. “O transporte marítimo, por si só, é o mais sustentável que existe para o tráfego de contêineres e mercadorias. O que vamos fazer é tornar isso ainda mais sustentável”, explicou.
Ainda segundo o diretor-geral da Autoridade Portuária europeia, “o atual momento pode ser avaliado como uma oportunidade para o desenvolvimento dos países, sendo que nós mostramos aqui que somos atrativos e capazes de gerar colônias de negócios”. Para ele, a parceria é uma oportunidade diante dos desafios e da grande competitividade que envolve o transporte de mercadorias.
Na Bahia, o processo de mudança dos portos teve início no ano passado, com um novo sistema de gerenciamento de tráfego. “Está prevista, ainda, a instalação de softwares e hardwares para agendar o acesso de caminhões nos terminais para sincronizar as datas de chegada dos navios e das cargas , o chamado Sistema Portolog”, explicou Rondon.
Os investimentos feitos no sistema portuário do estado tornam as operações eficientes e rápidas, além de torná-las mais rentáveis. Para o diretor-presidente da companhia, “o que se busca, principalmente, com essas parcerias, é adotar soluções inteligentes e de gestão”. A partir dos investimentos dos próximos cinco anos, o resultado estimado é um maior desenvolvimento para a Bahia, com oportunidades para o setor produtivo e um aumento anual de R$ 125 milhões na arrecadação patrimonial da Codeba.
Após a assinatura do documento de cooperação, os representantes das Autoridades Portuárias visitaram o Terminal de Contêineres do Porto de Salvador (Tecon Salvador), e, na tarde de ontem, foram ao Porto de Aratu-Candeias, na Região Metropolitana (RMS).
Foto: Divulgação/Codeba