28 de março de 2024
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Trump diz a Putin para não se meter nas eleições norte-americanas

Trump diz a Putin para não se meter nas eleições norte-americanas

Pressionado pela oposição democrata e a imprensa a adotar uma atitude mais crítica em relação a Vladimir Putin por causa da interferência russa na campanha eleitoral de 2016, o presidente Donald Trump finalmente fez isso, mas a seu modo.

Durante um encontro bilateral nesta sexta-feira (28) com Putin à margem da cúpula do G-20 no Japão, Trump foi questionado por um jornalista a respeito de quando pretendia dizer a Putin para não interferir na eleição do ano que vem. Com um meio sorriso, tom jocoso e o dedo indicador apontado ironicamente para Putin, Trump reagiu: “Não se meta nas eleições, presidente”.

Em seguida, o presidente americano se virou para um funcionário russo que acompanhava o encontro e repetiu: “Não se meta nas eleições”.

Foi o primeiro encontro de Trump e Putin após a conclusão do relatório da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa em 2016. No relatório, Mueller afirma que a Rússia realizou uma operação “radical e sistemática” em favor da eleição do republicano, por meio da ação de trolls nas redes sociais e da invasão dos computadores da campanha da democrata Hillary Clinton. O procurador diz, porém, que não há provas de cumplicidade da campanha de Trump na operação.

Quando o relatório foi apresentado, o presidente americano comemorou o resultado como uma vitória, dizendo que “não houve conluio”. Putin nega veementemente qualquer intervenção de Moscou nas eleições americanas, dizendo que houve uma “interferência mítica”:

“A Rússia foi e, por mais estranho que isso pareça, continua a ser acusada de uma interferência mítica nas eleições americanas”, disse Putin ao Financial Times, em entrevista publicada na quinta-feira. “Na verdade, o que aconteceu foi que Trump observou a atitude de seus oponentes, viu mudanças na sociedade americana e tirou vantagem disso”, afirmou.

Na entrevista ao FT, Putin se alinhou ao populismo nacionalista defendido pelo colega americano e que emerge em países europeus como a Itália e a Hungria. Ele elogiou a política migratória linha-dura de Trump e chamou o liberalismo político de “obsoleto”:

“Essa ideia liberal pressupõe que nada precisa ser feito. Que os imigrantes podem matar, roubar e estuprar com impunidade porque seus direitos como imigrantes devem ser garantidos”, disse Putin. “Todo crime deve ser punido. Esse liberalismo se tornou obsoleto e entrou em conflito com os interesses de uma grande maioria da população”.

O presidente russo ainda criticou a alemã Angela Merkel por ter aberto as portas aos refugiados sírios: “Eles (os liberais) não podem ditar mais nada para ninguém, como têm feito nas últimas décadas”, disse, chamando a decisão de Merkel de “erro fundamental”.




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