7 de maio de 2024
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Artigo “O presente do Padre Vieira para Salvador” – por José Lopes

Artigo “O presente do Padre Vieira para Salvador” – por José Lopes

Nesta segunda-feira, 29 de março de 2021, a cidade de Salvador completa 472 anos. Para comemorar a data, evoco a lembrança do padre português Antonio Vieira, integrante da Companhia de Jesus, que nasceu em Lisboa, mas morreu em Salvador no dia 18 de julho de 1697.

Depois de ter sobrevivido à Inquisição Portuguesa, de ter combatido as perseguições aos judeus, a escravidão dos índios, o tráfico de escravos e a própria escravidão dos africanos, o sobrevivente Vieira exerceu o cargo de visitador-geral das Missões no Brasil.

Poucos anos antes da sua morte, em 1686, Salvador passou por uma terrível epidemia de febre amarela e a ação dos padres da Companhia de Jesus, liderados por Antonio Vieira, foi fundamental não só para prestar socorro médico aos soteropolitanos no Colégio da Companhia localizado no Terreiro de Jesus, mas também socorro espiritual, trazendo consolação aos doentes e pedindo a misericórdia de Deus por intercessão do santo jesuíta São Francisco Xavier, aclamado no dia 10 de Maio daquele ano na Câmara de Vereadores como padroeiro da primeira capital do Brasil.

Xavier nunca esteve em vida no Brasil. E este fato torna-se menor diante da competência de um orador como o Padre Antonio Vieira, principal diplomata da Coroa Portuguesa junto ao Vaticano e demais nações europeias. Como Vieira explica no seu livro “Sermões de São Francisco Xavier”, o palco de operações do santo jesuíta foi a expansão portuguesa por toda a Ásia, continente também a ele consagrado, desde a Índia até o Japão.

Amado por católicos portugueses e espanhóis, São Francisco Xavier foi chamado ainda em vida de Novo São Paulo e sua imagem está representada no monumental Padrão dos Descobrimentos em Lisboa. Há 399 anos, no dia 03 de Dezembro, a Igreja Católica celebra a festa daquele que ela considera o Padroeiro Universal das Missões, ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus.

A expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, por ordem do Marquês de Pombal, criou um abismo de ignorância e perseguição religiosa ao maior legado espiritual que o Padre Antonio Vieira e todos os religiosos da Companhia de Jesus deixaram aos católicos soteropolitanos.

Em Salvador, com exceção do altar do lado direito da Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor (a antiga Capela do Colégio dos Jesuítas), será muito difícil encontrar um outro altar consagrado a São Francisco Xavier nas igrejas católicas da Soterópolis.

Este é um abismo que pouco a pouco os devotos de São Francisco Xavier em Salvador lutam para diminuir. Uma reparação histórica e religiosa necessária, sobretudo em tempos de pandemia do novo coronavírus, quando, apesar de todas as dificuldades, precisamos do exemplo de coragem missionária e da intercessão do nosso padroeiro junto a Deus.

Obrigado, Padre Antônio Vieira. Parabéns, Salvador. São Francisco Xavier, rogai por nós.

José Falcón Lopes é jornalista e devoto de São Francisco Xavier, Padroeiro de Salvador.




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